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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Juventude

Assim caminha a juventude...
Lia Zatz

E será desse barco, que ainda anda à deriva, que o desenvolvimento sustentável, a utopia deste século, poderá lançar âncora
Vai chegando ao fim o ano em que se comemorou e se homenageou de diversas formas -festas, debates, palestras, exposições- os 40 anos de Maio de 68. Nesses eventos, foi possível ouvir um discurso repetido como uma espécie de mantra por muita gente da chamada geração 68: "Os jovens de hoje não têm ideais como tínhamos, não lutam como lutávamos". Causa no mínimo estranheza ver muitos desses sessentões sendo vítimas de conhecida armadilha: manifestar surpresa ao encontrar um jovem que não é contestador.

Inimaginável pensar que não saibam que sempre foi e sempre será uma minoria dentro da juventude a principal alavanca de novas idéias, de mudanças e de revoluções. Ou não foi assim com a geração 68? Pesquisa realizada em 1967 pela finada revista "Realidade" e citada em caderno especial da Folha sobre o perfil do jovem do século 21 (27/7) mostra que as mudanças revolucionárias, como a libertação da mulher, não eram ideais da juventude como um todo, mas de uma minoria.

O que interessa, portanto, é entender as dificuldades que hoje enfrentam os jovens que tendem a ser contestadores e rebeldes. Muitos filhos da geração 68, ao ouvirem embevecidos os relatos das aventuras vividas por seus pais, chegam ao ponto de afirmar que estes é que tiveram sorte de viver no tempo da ditadura militar, pois sabiam contra o que lutar.

Esses perplexos adolescentes e/ou jovens adultos se deparam com múltiplos adversários ou inimigos, sendo não só difícil identificá-los como localizá-los, nomeá-los, hierarquizá-los e, principalmente, enfrentá-los.

É fácil ficar perdido em época de inigualáveis liberdades, governos democráticos, abundância, crescimento rápido da esperança de vida e comunicação interligando todas as partes do planeta. Sobretudo porque tudo isso coexiste com a insegurança de uma crise financeira anunciada que finalmente atingiu todos e cujas conseqüências ainda são imprevisíveis, com a persistência trágica da fome, da subnutrição, da pobreza, da insatisfação das necessidades mais básicas, da falta de oportunidades em todos os âmbitos, da violação das liberdades, das injustiças e violências cometidas contra pobres, mulheres, negros, deficientes, indígenas etc. e, finalmente, da ameaça à única casa em que todos -brancos ou negros, homens ou mulheres, ricos ou pobres, enfim gente, bicho ou planta- podem morar.

Em tal situação, não há por que se surpreender com o fato de que o jovem deste início de século 21 queira, em sua maioria, atender em primeiro lugar suas necessidades básicas, como se formar, ter emprego, uma carreira, uma casa, uma família. E, sobretudo, não ter tanto medo dos perigos cada vez mais presentes e próximos, como a violência e a Aids. O Nobel de Economia Amartya Sen já dizia, no livro "Desenvolvimento como Liberdade", que, para pensar em outras demandas, não basta sequer ter as necessidades básicas -renda digna, saúde e instrução- supridas. É fundamental ter também a oportunidade de fazer escolhas e de exercer a cidadania.

Não é difícil constatar que se está muito longe de viver algo parecido.

Mas também é preciso estar atento e sensível para perceber que há, sim, no mundo todo, jovens não conformistas. Uma minoria combativa, discutindo novas formas de fazer política, escancarando em atos coletivos e participativos coisas que acontecem em pleno regime dito democrático.

Como o exílio (dentro do próprio país) de quem não está inserido na economia de mercado. Mais: propondo modos de vida, de produção, de consumo, de trabalho alternativos aos vigentes nas atuais sociedades.

E será certamente desse barco, que ainda anda à deriva, que o desenvolvimento sustentável, a utopia deste século, poderá lançar âncora.
LIA ZATZ é escritora de livros infantis e juvenis. Lançou recentemente em co-autoria com José Eli da Veiga o livro dirigido aos jovens "Desenvolvimento Sustentável, que Bicho é Esse?".

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