Scrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace LayoutsScrolling Glitter Text Generator & Myspace Layouts

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Eduardo Galeano


As flores



As flores
O escritor brasileiro Nelson Rodrigues estava condenado a solidao. Tinha
cara de sapo e lingua de serpente, e a seu prestigio de feio e sua fama de venenoso
somava-se a notoriedade de seu contagioso azar: as pessoas ao seu redor morriam
de tiro, miseria ou infelicidade fatal.
Certo dia, Nelson conheceu Eleonora. Naquele dia, dia do descobrimento,
quando pela primeira vez viu aquela mulher, uma violenta alegria atropelou-o e
deixou-o abobado. Entao, quis dizer alguma de suas frases brilhantes, mas as
pernas bambearam e a lingua se enrolou e nao conseguiu outra coisa a nao ser
gaguejar ruidinhos.
Bombardeou-a de flores. Mandava flores para o apartamento dela, no alto
de um edificio do Rio de Janeiro. A cada dia mandava um grande ramo de flores,
flores sempre diferentes, sem repetir jamais as cores ou aromas, e ficava esperando

la embaixo: la de baixo via a varanda de Eleonora, e da varanda ela atirava as flores
na rua, todos os dias, e os automoveis as esmagavam.
E foi assim durante cinquenta dias. Ate que um dia, um meio-dia, as
flores que Nelson enviou nao cairam na rua e nao foram pisadas pelos automoveis.
Naquele meio-dia, ele subiu ate o ultimo andar, apertou a campainha e a
porta se abriu.


Livro dos Abraços - Eduardo Galeano

Nenhum comentário:

Postar um comentário