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segunda-feira, 21 de março de 2011

Para a Raquel


“Pior inferno é ver filho sofrer sem poder ficar no lugar dele” : isso foi o que Arlete, manicure que não acreditava na vida eterna, disse para a Adélia. Verdadeiro. Quando penso nisso, mais vontade eu tenho de meter o bico nuns versinhos da Adélia:

“Amor é a coisa mais alegre,
amor é a coisa mais triste,
amor é q coisa que eu quero.”
Pois se eu puser “filho” no lugar que ela pôs “amor” não fica verdade também?
“Filho é a coisa mais alegre,
filho é a coisa mais triste,
filho é a coisa que eu mais quero...”

A tristeza não está nos desgostos que os filhos dão aos pais. Desgosto dá não é tristeza; é raiva! Não é possível ter um filho sem ter raiva dele de vez em quando. Tristeza mesmo é quando os pais não podem tomar o lugar deles, no sofrimento. Quem disse que Deus Pai mandou matar o seu Filho para acertar umas dívidas pendentes, nunca foi pai. Porque um pai, havendo conta pendente, só pagável a sangue, é ele próprio que vai para o matadouro. Pai quer sofrer no lugar do filho. O Vinícius, olhando seu filho adormecido, sentiu assim:

“Eu, muitas noites, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre o teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas feitas para a tua...”

Melhor remédio contra o ateísmo que filho doente não há. Não há ateu que vendo o filho doente em perigo de morrer, não invoque os poderes do outro mundo...

Assim é comigo: meus filhos me obrigam a olhar para cima e a invocar os deuses. Porque minhas asas são muito pequenas para cobri-los todos.. E sei que chegará o tempo em que minhas asas terão voado para um lugar longe de onde não poderei protege-los.

Que bom seria se houvesse anjos da guarda! Lembro-me de um quadro na parede da barbearia, eu, menino, cortando cabelo, ficava olhando... os dois irmãozinhos vão pelo caminho da floresta e há uma ponte sobre um abismo que eles tem que atravessar. Por detrás deles, com suas enormes asas abertas, está o anjo da guarda, garantia de que nada de mal lhe acontecerá. É mentira, mas traz tranqüilidade à alma.

Rubem Alves
Para a Raquel
Correio Popular 06/11/05
www.rubemalves.com.br

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