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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Será que ficar é mesmo novidade?

Os adolescentes de hoje têm maior autonomia para sair à caça. No mais, fazem o que sempre se fez
Por Jairo Bouer

Ficar" é um termo que tem deixado muitos pais de cabelo em pé. Para quem tem um filho adolescente dentro de casa, ficar é, quase sempre, pauta do dia. "Mãe, fiquei ontem à noite com um garoto lindo na festa da Claudinha." "Como ele se chamava, filha?" "Ah, sei lá, nem lembro, mas era um gatinho!" A identidade do ficante é, muitas vezes, menos importante do que o ato de ficar. Ficar passou a ser uma espécie de atestado de bom aproveitamento, de garantia de curtição de uma balada ou de uma festa. "Ontem a balada foi uma droga! Zerei, cara! Não fiquei com ninguém." Ou ainda: "A festa de ontem foi a melhor. Tinha muita mulher bonita, catei várias. Fiquei com umas quatro ou cinco, nem lembro, cara!"

De maneira geral, os próprios jovens definem que o ficar vai até o ponto em que começaria uma relação sexual. Para eles, abraçar, beijar, acariciar, tocar as partes íntimas e até praticar sexo oral são indicadores que graduam desde as ficadas mais tranqüilas até as mais calientes. Pesquisas feitas nos EUA e na Europa mostram que, para os jovens, sexo oral não é sexo. É preliminar, é aquecimento, é ficar. Mas transar não está incluído no rol do ficar! Pelo menos, não de forma geral!

Ilustração Paladino

Mas será que ficar é mesmo uma novidade dessa galera? Será que nossa geração, por exemplo, também não ficava? Lógico que ficava! Só que a gente chamava essa ação de outra forma: dar uns amassos, curtir são termos que giram em torno de um comportamento parecido.

Ficar não é um fenômeno apenas das grandes cidades. Quase o Brasil todo fica. Há alguns anos, assistindo com adolescentes a uma palestra sobre sexualidade na região amazônica, em Belém do Pará, me surpreendi quando um ginecologista de São Paulo tentava explicar, com algum constrangimento, o que era o ficar, tão em moda aqui no Sudeste. Uma garota pediu a palavra e soltou do meio da platéia: "O doutor vai me perdoar, mas aqui no Norte a gente também fica de montão".

Mas o ficar de hoje é o mesmo ficar de vinte ou trinta anos atrás? Não, até porque os hábitos e costumes mudaram. Houve uma flexibilização muito grande das questões que envolvem a sexualidade nessas últimas décadas. Antes, sob olhares mais rigorosos dos pais, os limites eram maiores. Gestos mais ousados, atitudes mais animadas, horários e locais impróprios eram mais controlados. Hoje, os adolescentes têm maior autonomia para circular, sair à caça e para definir seus próprios limites. E esses limites tendem a ser empurrados sempre mais para a frente, para as bordas do proibido. Mas o que é proibido no ficar?

Para o jovem brasileiro, que começa a vida sexual cada vez mais cedo, não é de estranhar que o ritmo e os limites do ficar andem meio nas alturas. Segundo dados do Ministério da Saúde e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), publicados no relatório Comportamento Sexual da População Brasileira, de 1999, quase um terço das garotas e praticamente a metade dos garotos já tinham experimentado uma relação sexual completa antes dos 15 anos. Dados do Ministério da Saúde também revelam que mais de 20% das garotas entre 13 e 19 anos já enfrentaram uma gravidez no país. Na Holanda, esse índice é de menos de 1%.

Apesar de todos os sustos e angústias que esse tipo de comportamento gera nos pais, ficar é um passo importante no longo caminho do aprendizado emocional e sexual dos adolescentes. É a partir daí que eles começam a lidar de forma mais prática com emoções, desejos, limites, concessões, tolerância e outras ferramentas tão importantes no relacionamento humano. De alguma maneira é aí que eles começam a aprender como vão agir na vida adulta. E como agir, então, com esses jovens, mais precoces sexualmente, nem sempre mais maduros emocionalmente, tentando ganhar dia após dia mais alguns centímetros na exploração do corpo do ficante?

Os tempos mudaram, os limites sociais e culturais também e uma postura muito distante dessa realidade pode reduzir as possibilidades de diálogo. Dentro de casa, um papo honesto e uma conversa aberta são fundamentais. Só assim os pais conseguem traduzir suas preocupações, suas experiências, os cuidados necessários, as informações corretas e o destaque para o uso da camisinha e dos métodos anticoncepcionais.

Dessa forma, na hora de ficar ou até de transar, os jovens têm uma chance maior de alimentar sua tão desejada autonomia com um pouco mais de responsabilidade e maturidade. É a chance de eles perceberem que, para garantir sua liberdade, eles têm de aprender a tomar conta dela.

Jairo Bouer é psiquiatra e apresentador de televisão
http://veja.abril.com.br/especiais/jovens/p_033.html

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