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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Oficina

Ensino de língua: uma abordagem ideológica?

O que é ensinar?

Como definir o que é ensino, para chegar ao ensino de língua materna? Atualmente, nos deparamos com a preocupação que têm os educadores de "fazer educação", em lugar de "fazer ensino". Essa preocupação é legítima e tem suas razões. Pensemos um pouco a respeito disso, resgatando a concepção de ensino de alguns séculos antes de nós.

Para começar, vamos buscar a etimologia da palavra ensino: o termo vem do latim insignare, que significa "marcar com um sinal". Isso sig

nifica que o mestre deixa uma marca no seu discípulo, um sinal. Mas, que tipo de sinal?

Cardeal Mazarin sucedeu Richelieu em 1642, na França, e escreveu o Breviário dos políticos nos anos que assistiram às guerras civis inglesas, que culminaram na decapitação do rei Carlos I.

Repare que o próprio termo - imperativo - já se origina de imperar, mandar, ordenar...Todo imperativo reflete uma ordem, portanto.

Marcar com um sinal não é necessariamente algo positivo. Muitos ensinamentos visaram, ao longo da História, ao aperfeiçoamento da dissimulação e da vitória dos fortes sobre os excluídos. Um exemplo desse tipo de "mestre" é o Carde

al Mazarin que, em seu Breviário dos políticos, faz uma apologia, entre outras coisas, à arte de envolver através do poder das palavras. Esse poder é também garantido, como vimos, àqueles que possuem o saber instituído, e à suposição de que este saber confere à pessoa que o possui credibilidade e respeito, segundo o autor. Assim, o cardeal escreve seu breviário todo no imperativo, fazendo de seu ensinamento uma verdade a ser seguida. Vamos ver algumas passagens da obra citada:

Se deves escrever num lugar por onde passa muita gente, coloca verticalmente diante de ti uma folha já escrita e finge recopiá-la. Faz que todos a vejam.

Se uma frase desastrada te escapa, se dizes uma asneira, afirma imediatamente que o fizeste de propósito para colocar a assistência à prova ou para troçar de alguém.

Se alguém se engana por ignorância, que tuas perguntas não venham revelar que em seu lugar terias cometido o mesmo erro, estando n

a mesma ignorância.

É importante ler obras sobre a afirmação e a demonstração, a ordem e a colocação das palavras, a dedução, a prova e a argumentação, a redução dos silogismos, a maneira de dispor a premissa maior, de reforçar a menor e de consolidar ambas, as conclusões positivas ou negativas, as regras da objeção, as articulações do discurso, as leis de desenvolvimento de um parágrafo, as figuras de estilo, a avaliação da força ou da fraqueza de um ponto de vista contrário, de suas zonas de fragilidade e de seus recursos de defesa."

Consulta com frequência os tratados dos grandes retóricos: estes sabem não apenas provocar o ódio, mas também voltá-lo contra os que o provocaram; são capazes de excitá-lo ou de atenuá-lo. Eles te ensinarão igualmente como acusar ou te defender com a maior eficácia. O mais importante é aprender a manejar a ambiguidade, a pronunciar discursos que possam ser interpretados tanto num sentido como no outro a fim de que ninguém possa decidir." (MAZARIN, 1997.)

Segundo os conselhos do autor, a palavra deve ser uma arma, um escudo, um privilégio capaz de assegurar aos poucos que a ap

rendem a dominar uma boa dose de poder. Sob essa perspectiva, ensino que equivale a conselho é uma marca impositiva, que mostra o caminho do domínio. A linguagem do poder é manifestada inclusive por esse uso da palavra - ou da língua - mas também é reconhecida nos gestos, nas expressões, nas atitudes, como fica claro no primeiro trecho citado.

Até que ponto nossa linguagem ensina, até que ponto ela permite aprender?

E hoje? Que linguagem o

u que linguagens temos utilizado nós, professores, em nossas salas de aula? Temos lidado com a construção do pensamento, a construção do saber, ou temos demonstrado o nosso pensamento e o nosso saber? Temos sido lentes?

Ao longo dos séculos, a interpretação da função do professor foi ficando também mais abrangente e bastante diferente. E sua linguagem, mudou? Foi-se o tempo em que "lente" era sinônimo de "professor", que era assim chamado porque era ele quem lia para os alunos. Era através de seu olhar que o aluno deveria aprender, "beber de suas palavras". Ou seja, um único olhar era admitido...

Mas será que esse "único olhar" é realmente único? Ao olharmos as figuras abaixo, enxergamos - todos - as mesmas imagens???






Se você conseguiu enxergar, no primeiro quadro, uma menina - muito bem!!! Mas se enxergou igualmente uma senhora idosa, muito bem também!!!

Se no segundo caso, duas faces foram vistas, ótimo. Se, ao contrário, você percebeu apenas uma, sem problemas... Pode ser visto desta forma, também...

Se, no terceiro quadro, você visualizou o livro de costas para você, enxergou bem. Porém, se o encontrou aberto para você, além de ter visto bem, é ainda uma pessoa que gosta de ler... Que bom atributo para um professor !

Sobre visões sociais de mundo, leia o capítulo 1 do livro Ideologia e Ciências Sociais, de Michel Löwy. Você irá gostar!!!

Brincadeiras à parte, o fato de não visualizarmos, obrigatoriamente, as mesmas imagens, abre perspectivas para o entendimento da relatividade das coisas e representações no mundo. Em outras palavras, nosso entorno social e econômico nos possibilita diferentes versões para um mesmo fato ou imagem; diferentes visões sociais de mundo - ideológicas -, quando reforçam o status quo - ou contraideológicas, utópicas -, quando apontam para uma realidade ainda não existente, a ser construída, portanto.

Ao pensarmos sobre visões sociais de mundo, não podemos nos esquecer de que elas estão presentes em nosso cotidiano; na forma como vemos a realidade e a entendemos; no modo como percebemos as imagens ; enfim, em todos os nossos atos, inclusive em sala de aula, quando ensinamos língua materna...



ENSINO DE LÍNGUA: UMA LINGUAGEM IDEOLÓGICA?

A sala de aula e o professor

Sabemos que a língua materna faz parte de nosso cotidiano. Afinal, é através dela que nos comunicamos com o mundo e que o constituímos - "...pela fala criamos no mundo estados de coisas novos" (Geraldi, p.51). Deixemos claro, entretanto, que sua sistematização é realizada em um local apropriado - a escola. Será, realmente, este o local mais apropriado para aprendermos língua? E se a resposta for afirmativa, como isto se dá?

Geraldi, eminente professor da UNICAMP e autor de diversos livros a respeito do ensino de língua materna nos afirma que

Para ensinar a língua materna, não se trata de devolver ao aluno a palavra para que emerjam histórias contidas e não contadas em função apenas de uma opção ideológica de compromisso com as classes populares. Devolver e aceitar a palavra do outro como constitutiva de nossas próprias palavras é uma exigência do próprio objeto de ensino. A monologia própria dos processos escolares, que reduz o mundo ao pré-enunciado por determinada classe social, é um dos obstáculos maiores interpostos pelo sistema escolar de reprodução de valores sociais à "eficiência" do próprio sistema. (GERALDI, 1996)

Ora, as palavras do autor nos fazem refletir acerca do discurso do professor, e da tendência educacional que este abraça.

Se sua concepção de ensino alicerça-se sobre a mera transmissão, reduzindo a tarefa de educar à utilização de livros didáticos, gramáticas e dicionários, em cujas páginas os conteúdos estão prontos, acabados e programados; se acredita no monólogo docente como atributo essencial na relação ensino-aprendizagem; se minimiza o conhecimento, entendendo-o como conteúdos que precisam ser internalizados, este profissional da educação compreende o ensino e, por extensão, o ensino da língua materna de uma forma técnico- instrumental.

Nesse sentido, a visão social de mundo é ideológica, reforçando a manutenção do ensino da forma como ele se apresenta comumente, hoje, sem maiores alternativas transformadoras.

Para Geraldi:

O risco que se corre numa visão instrumentalista do ensino de língua é o de abandono do significado das expressões ( e as cartilhas estão cheias de "textos" sem significados) , ou da aprendizagem da forma das expressões com conteúdos totalmente alheios ao grupo social que, aprendendo a forma, estará preparando-se para, ultrapassado o segundo momento, definir participativamente "um amplo projeto de transformação social. (GERALDI, 1996)

Essa perspectiva não enxerga no aluno um ser humano - cidadão, com possibilidades discursivas (independentemente da utilização da assim denominada "norma culta") e capacidade de entendimento das relações existentes no mundo. Por vezes, nos prendemos mais à forma (como o aluno se expressou, diante de determinado fato), do que à capacidade discursiva desse aluno (por que ele se expressou de determinada maneira, em relação a determinado fato e que sentidos construiu para aquele mesmo fato).


Ensino de Língua: Uma linguagem ideológica?

Visão sóciointeracionista: ensino como processo

Retornando às concepções de educação e ensino, o professor pode, ao contrário, compromissar-se com uma educação para a emancipação. Neste sentido, visualizará seu cotidiano a partir de uma relação dialógica, em que a troca discursiva ocorre a todo o momento com a turma principalmente em sala de aula; compreenderá o conhecimento como processo, aquisições em construção, portanto, intrinsecamente relacionado ao ato da descoberta, através também da ação discursiva, e das interações que ocorrem no coletivo da sala de aula. Dessa forma, em sua concepção de ensino de língua:

A dicotomia língua/fala é substituída por uma divisão tricotômica língua/discurso/fala, o conceito intermediário sendo construído como o lugar da definição da relação entre a invariabilidade da língua, cuja autonomia relativa é reconhecida, e a variabilidade da fala, cuja dependência a um discurso dado é estatuída. (GERALDI, 1996)

Em outras palavras, esta é uma concepção sóciointeracionista do ensino de língua materna, que privilegia a ação discursiva, o texto, no lugar das fragmentadas palavras e frases; que leva em conta os sentidos e significados emprestados, pelos alunos, às expressões, no momento do ato enunciativo; que pensa a língua como processo, e não como produto. Esta concepção insere-se, ainda, em uma visão social de mundo contraideológica ou utópica, que prevê a transformação, a busca do novo, ou de alternativas que construam outros sentidos para as ações político-pedagógicas


Ensino de Língua: uma abordagem ideológia?

Conclusão

As duas posições que apresentamos correspondem, assim, a diferentes visões sociais de mundo, de educação e ensino, de conhecimento, enfim. Esse emaranhado ideológico e contra ideológico nos faz caminhar, por vezes, para abismos e caminhos totalmente desconhecidos, desde que dele não tenhamos, pelo menos, uma noção aproximada. Ou seja, se não reflito sobre por que ensino determinado conhecimento, como o faço, e a partir de quais princípios e propostas, provavelmente estarei trabalhando de forma atabalhoada, sem um norte, mesmo que provisório...

As visões sociais de mundo estão presentes em nosso cotidiano, quer delas tenhamos conhecimento, consciência, ou não. Principalmente a visão ideológica... E ela trabalha muito bem com a língua, enquanto forma de linguagem. O anúncio abaixo, retirado de um jornal de grande circulação do Rio de Janeiro, fundamenta o que acabamos de expor:

Lendo atentamente o anúncio, que relações você conseguiu estabelecer entre construção da língua materna e ideologia?


Resumo

  • A língua, como processo, constrói-se na interação. Também pode ser vista como produto pronto, estruturado nas gramáticas, dicionários e sistematizado, pedagogicamente, nos livros didáticos.
  • O ensino de língua materna também pode ser visualizado a partir das duas posições acima apontadas: ensino como produto, partindo de conteúdos gramaticais pré-definidos ou como processo a ser construído pelos falantes e escritores dessa língua.

A cada uma dessas concepções, corresponde uma visão social de mundo - ideológica, apreendendo o produto; ou utópica percebendo os processos.

Bibliografia

MAZARIN. Breviário dos Políticos. São Paulo: Editora 34, 1997.

GERALDI, João Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas: ALB, Mercado das Letras, 1996. p. 53-54.


Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/lportuguesa/index.html

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